terça-feira, 12 de junho de 2012

QUER RECEBER O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO?


Em entrevista ao repórter Thiago Gomes, Teólogo e professor esclarece sobre presente que somente o Senhor pode dar

Um dos objetivos de quem organiza e de quem participa de congressos de jovens e retiros em carnaval é, sem sombra de dúvidas, que Jesus batize no Espírito Santo. Nestes eventos, chamar para receber o dom é muito frequente. No entanto, dúvidas surgem na cabeça dos que receberam e dos que não foram batizados. Afinal de contas, quantos foram agraciados com este almejado presente. Pensando em responder estas e outras questões, o Portal AD Alagoas entrevistou o pastor Adriano Oliveira (Maceió), teólogo, conferencista e professor. Ele esclarece sobre este tema, fala como se busca este dom, qual a sua finalidade, os empecilhos para quem deseja receber e destaca a importância dele para os congressos e retiros.
O que é o batismo no Espírito Santo?
Segundo a Bíblia Sagrada, a palavra "batismo" do latim " baptimus" é derivado transliteralmente do grego βαπτισμός e, em sua etiologia, vem de duas palavras gregas: um radical grego "bat" mais o sufixo "ismo". Em sua essência significa "imersão" ou "mergulho". De acordo com o novo Testamento, na versão da Bíblia Vulgata Latina, pode ser traduzido pelos termos em português: "cobrir", "lavar", "banhar", "tingir", "derramar". Conforme a Septuaginta e o próprio Novo Testamento, o termo nos informa uma ideia de "mergulho". Diante de toda uma englobação semântica destacada no NT, podemos em sua transliteração justificar seu significado. Tanto que quando lemos o livro de Marcos, principalmente o capítulo 7 e versículo 4, vemos que o termo é traduzido diretamente do verbo e em várias versões da Bíblia este verbo é traduzido como lavar, limpar, aspergir ou, literalmente, batizar. Podemos dizer que o batismo "no" ou "com" o Espírito Santo é um mergulho, uma imersão na plenitude do Espírito Santo (At 2.4; 4.8,31; 9.17), chegando a um "transbordamento"( I Jo 2.20,27; II Co 1.19-21). É conhecido como uma "virtude" ou "poder". Estes termos vêm do grego "dynamis", o mesmo termo que deriva as palavras "Dínamo" e "dinamite"( At 1.8), referindo-se a uma manifestação de autoridade espiritual dinamizada que o Espírito Santo concede ao crente na hora que ele é batizado com fogo.
Qual a importância e a finalidade dele para o cristão?
Entre os principais objetivos do batismo com o Espírito Santo, tem um que, para mim, pode ser considerado como o supremo propósito: capacitar o crente espiritualmente para fazer a obra de Deus. Observe que somente com ele a Igreja pode executar em sua plenitude a grande comissão. Testemunhar do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo significa muito mais do que dizer algumas palavras sobre Ele. Podemos dizer, por exemplo, que o batismo com o Espírito Santo capacita o crente para pregar com maior ousadia (At 1.8) e com autoridade e ousadia sobrenaturais (At 4.13,20,29,33 e 34). Vale ressaltar que houve uma grande mudança na vida dos discípulos depois que receberam o poder do alto. Observe que tão logo eles foram batizados com o Espírito Santo, puseram-se de pé para proclamar o evangelho do nosso Senhor Jesus( At 2.2,14). Como um "efeito borboleta" que crescia em grande proporção, as portas que até então estavam fechadas (Jo 20.19), abriram-se. E eles saíram às ruas, praças e todos os lugares para anunciarem a morte e ressurreição de Cristo.
De que forma se pode conhecer que um cristão foi batizado?
A principal evidência inicial e visível de uma pessoa que foi batizada com o Espírito Santo é a manifestação de línguas estranhas. Antes do Pentecoste (Atos 2), o Espírito Santo já havia descido sobre várias pessoas, como João Batista (Lc 1.47), Izabel (Lc 1.41), Zacarias(Lc 1.67) e Simeão (Lc 2.52), porém não encontramos nenhuma passagem bíblica que nos revele eles falando línguas estranhas. É bem verdade que existem pessoas, talvez cegas pela incredulidade e até mesmo pela falta de conhecimento, que não aceitam o batismo com o Espírito Santo e o dom de falar línguas estranhas, porém são verdades dogmáticas e reais, presentes nas Sagradas Escrituras. As línguas estranhas autenticam o batismo com o Espírito Santo e com fogo. Muitos não percebem, mas a Bíblia nos mostra em At 2.4 que os discípulos "foram cheios do Espírito Santo" e que depois começaram a "falar em outras línguas". Quero dizer, com isso, que no dia de Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo foi acompanhado por um sinal externo bem evidente e audível. Você já percebeu que cada um deles, que estavam no cenáculo, teve a sua própria experiência? Observe At 2.2,3: todos falaram línguas que jamais tinham aprendido. Glória a Deus! O texto de At 11.15 a 17 , quando Pedro se justificava diante da igreja acerca de Cornélio deixou bem claro, conforme defende o célebre pastor Antonio Gilberto em relação ao mesmo texto: "o batismo com o Espírito Santo seria evidenciado através da infusão da alegria por expressões vocais sobrenaturalmente inspiradas e pela ousadia no testemunho."( Pr. Antonio Gilberto).
O que a pessoa batizada sente quando recebe este presente?
Apesar de ser algo muito especial e pessoal podemos dizer que é uma alegria sobrenatural, jamais comparada. Um poder indescritível, jamais sentido.
Como e por que devemos buscar este dom?
Inicialmente quero dizer que o recebimento do batismo no Espírito Santo não está vinculado a mérito, uma vez que é um "dom" de Deus (At 10.45). A palavra "dom" vem do grego "Charisma"(sing) e "Charismata"(Plural) e significa"donativo", "dádiva" ou "presente". Portanto é dado voluntariamente por Deus. Também não está vinculado a datas ou locais, pois Jesus batiza com o Espírito Santo onde quer e este batismo é para todos que acreditarem. Porém, existem alguns requisitos para receber este batismo como: inicialmente acreditando na promessa que foi dada (Mt 3.11), consequentemente obedecendo a Deus (At 5.32; Lc 24.49); orando, buscando de forma ardente e com perseverança (At 1.14;Lc 18.1;Lc 11.9-13;7.7), até receber o poder (Lc 24.49) e também com desejo e sede ardente. Isto significa sentir a real necessidade, aspirar ardentemente. Lembre-se que as bênçãos de Deus estão direcionadas a todos aqueles que buscam, pedem e batem (Mt 7.7).
Qual a diferença de ser cheio e ser batizado no Espírito Santo?
No Velho Testamento é bem verdade que o Espírito Santo agia de forma esporádica na vida dos profetas, reis, sacerdotes e juízes (Jz 3.10; 6.34;13:6; 14:16,19; 15.14; I Sm 16.13; I Sm 10.6,10;11.6; I Rs 18.12; II Rs 2.19) para os ajudar a desenvolver suas tarefas. Porém, no Novo Testamento, ele se apresenta de forma torrencial. Jesus Cristo antes de subir aos céus, sabendo muito bem das necessidades dos seus discípulos, destacou a vinda do Espírito Santo que o substituiria como o "outro consolador" (Jo 14.16,26;16.7,13). O termo "Outro" no grego é "Allon" e significa "outro da mesma espécie". Já a palavra "consolador" é a tradução da palavra grega " Parakletos" que significa literalmente "alguém chamado para ficar ao lado de outro para ajudar".( Rm 8.26;Jo 14.26; Jo 16.13). Uma pessoa não precisa ser batizada com o Espírito Santo para tê-lo em sua vida, da mesma forma que um cristão pode muito bem ser cheio do Espírito Santo sem ser batizado no mesmo, uma vez que esta dimensão e preenchimento estão inteiramente relacionados com a intimidade e comunhão que este ou aquele cristão desenvolverá em relação a Deus mediante orações, súplicas e consagrações.
Quais os empecilhos que impedem de não receber este dom?
Entre outros, temos dois agravantes principais que impedem o cristão de receber o Batismo no Espírito Santo: o pecado e a incredulidade. Como falado, o batismo com o Espírito Santo vem na vida daqueles que já passaram pelo Novo Nascimento e que já aceitaram Jesus Cristo como Salvador de suas vidas e se voltaram para Deus com mudança radical de atitude. (At 2:38-40) Quem anda numa vida de pecados e não se desvia do caminho mal e da geração perversa ao seu redor não receberá o Espírito Santo, nem tampouco o revestimento de poder ( At 5.29-32). Para se receber o batismo no Espírito Santo é necessário acreditar que ele existe e se apossar daquilo que foi prometido há muito tempo atrás. Uma promessa perpétua para a vida de todos aqueles que passaram pelo novo nascimento. A mesma convicção que Pedro destacou no grande dia do Pentecoste. Uma das mais profundas promessas no Antigo Testamento (Joel 2.28,29; At 2.14-21).
Por que a dúvida aparece em quem recebe o batismo? Como tirá-la?
Não é incomum que quando algo novo aparece em nossas vidas, levamos certo tempo para nos adaptarmos. Com certeza algo tão glorioso como o batismo com o Espírito Santo ao chegar na vida do crente pode gerar dúvidas se recebeu ou não o dom. Daí a necessidade de se pedir a Deus a “confirmação” do Batismo. A melhor forma de saber se recebeu ou não o batismo é a evidência das línguas estranhas.
Você acredita que estão criando estratégias para que aconteça o batismo?
Biblicamente não existem “estratégias” para receber o batismo como o Espírito Santo. O que existem são “requisitos”, como a oração. A própria Bíblia revela ao informar que muitos receberam o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14;2.1-4;4.31;8.15,17). Porém em algumas igrejas espalhadas pelo mundo conhecidas como “neopentecostais” e outras que se intitulam “pentecostais”, uma vez que são conscientes que a maior e principal evidência do batismo com o Espírito Santo é o falar em línguas estranhas, estão tentando “ensinar” o crente a “fabricar línguas” para dizer que são batizadas. Porém, línguas estranhas, na Bíblia, não foram criadas por homens, são manifestações sobrenaturais do Espírito Santo. É uma expressão linguística e sonora inspirada pelo Espírito, mediante a qual o cristão fala um idioma que nunca foi ensinado ou fabricado (At 2.4; I Co 14.14,15). Não se pode aceitar é que alguns movimentos, em congressos e retiros, surjam tentando “manipular” o batismo com o Espírito Santo. Assim penso.
Quem é batizado sente mesmo a vontade de pular, marchar?
Para mim, como testemunho pessoal, vem a vontade sim. Quem foi agraciado com este presente sabe a alegria indescritível que sentimos. Dá vontade de pular, saltar, correr, mas a questão é “Por que nem todos têm o mesmo modo de expressar esta alegria?”. A resposta é clara, porque o Espírito do profeta está sujeito ao próprio profeta. Ou seja, depende muito da maturidade cristã de cada um. Mas mesmo não sendo o Espírito Santo sujeito a vontade humana, nossos impulsos emocionais e psicossomáticos devem estar cativos ao campo racional para não gerar “escândalos” naqueles que não compreendem. O Espírito Santo não tem o desejo de escandalizar a obra de Deus, pelo contrário, sua missão é “convencer” o mundo e não espantar. A igreja por sua vez, deve velar pela edificação.
"Ser queimado" é um pré-batismo, como alguns dizem?
Não! Em ponto algum na Bíblia você vai encontrar o termo "queimado no espírito". Acredito que se uma pessoa sente uma alegria "diferente" toda vez que vai orar e não sabe externá-la é porque teoricamente há uma grande possibilidade que esteja a caminho de ser batizada. Mas, lembre-se, só poderá dizer que realmente foi batizada se falar em línguas estranhas.
O batismo no Espírito Santo é um dos critérios para se tornar obreiro? Por quê?
Acredito que é uma louvável tradição eclesiástica baseada na vida ministerial dos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo. Quando lemos Atos 2.1-47, o texto nos informa que “Todos foram batizados no Espírito Santo”(2.4). Todos quem? Quem estava lá “no mesmo lugar” (2.1). Com certeza estavam lá os discípulos que foram direcionados por Jesus para o grande dia do “revestimento de poder” (Lucas 24:49) e também não faltaram os apóstolos que foram orientados a permanecer em Jerusalém e esperar aquilo que foi profetizado por João Batista (At 1.2 a 5;1.8; Mt 3.11). Observe que o texto é enfático ao nos detalhar que todos, sem exceção, receberam o batismo com o Espírito Santo.
Porque o batismo é algo importante na vida dos obreiros que militam na obra de Deus?
Bem, se levarmos em conta que após o dia de Pentecostes, a vida e o ministério dos homens chamados pelo Senhor foram marcados por onde passaram com sinais e maravilhas, subsequentes ao batismo. Percebemos que eles jamais teriam sido instrumentos tão poderosos nas mãos de Deus se não houvessem recebido algo tão poderoso e especial da parte do Senhor. E esta “capacitação sobrenatural” foi justamente o revestimento de poder. Eles sentiram e receberam o que já havia sido prometido e anunciado, não só por João Batista, mas também por Salomão (Pv 1.23), por Isaías ( Is 44.3), por Joel ( Joel 2.28) e pelo próprio Senhor Jesus (At 1.4,5). É notório que a grande transformação no ministério dos discípulos foi após a experiência do batismo no Espírito Santo. No cenáculo, foi evidenciada uma atitude diferente que fez com que aqueles homens literalmente abalassem o mundo de sua época. Compreender a dinâmica e a essência do batismo com o Espírito Santo é fundamental para que o ministro viva na plenitude das bênçãos de Deus e dos dons em seu ministério. Observemos Pedro, por exemplo, que depois de batizado, em sua primeira pregação pós-batismo, quase 3.000 almas se renderam aos pés de Jesus (At 2.41).
O dom de profecia é um complemento do batismo?
Digamos que, biblicamente, não é um “complemento”, mas, sim, uma “consequência”. Este dom de profecia é um dos sete “dons” que só se manifestará após o batismo com o Espírito Santo. Estes dons espirituais estão relacionados às manifestações sobrenaturais dadas por Deus para abrilhantar e edificar o bem comum da igreja. Estes são operados através dos crentes já batizados com o Espírito Santo. Quando lemos atenciosamente o que o apóstolo Paulo escreveu aos crentes de Corinto ( I Co 12.7-11) vemos este como o sexto dom da “Manifestação do Espírito” seu foco não é revelar o futuro, mas, sim, em essência, visa exclusivamente a edificação, reanimando e fortalecendo as bases da nossa fé cristã. São transmitidas de forma bastante espontânea debaixo do siso e do consentimento harmonioso do Santo Espírito de Deus. (I Cor 12.7; 14.1-3).
Congressos e retiros de carnaval há grande incentivo pela busca do batismo. Você concorda com este foco?
Seria muito bom que, independentemente do período carnavalesco, existissem eventos desse porte. Precisamos envolver nossos jovens, adolescentes e porque não dizermos toda a igreja em reuniões desta natureza. Neste período de “festa da carne”, principalmente nos IMLs, precisamos dizer um não audacioso para Satanás e lutar para trazer um grande avivamento para nossa geração. Isto depende de nós, representantes legais de Deus na terra. Congressos e retiros são importantes pra propiciar o pentecoste. Tudo que visa a nossa edificação espiritual e edificação do reino de Deus, fazendo aumentar nossa intimidade com Ele.
Você acredita que, no geral, as pessoas estão utilizando o batismo para a sua devida finalidade?
Infelizmente não. Acredito que alguns usam como um tipo de "marketing" para chamar adeptos para suas catedrais.
O que está acontecendo que as pessoas não estão mais sendo batizadas com freqüência nos cultos?
Esfriamento espiritual, falta de fé e oração e, principalmente, uma "intelectualização da fé".
O batizado deve falar em línguas em todos os cultos?
Seria muito bom se assim o fosse, mas nem sempre estamos "ligados" no céu. O crente é semelhante as fases da lua, ou seja, depende muito de como ele está no momento da reunião para apresentar um culto sincero e direcionado a Deus.
Falar em mistérios alto é correto?
Todos aqueles que foram alcançados pela dádiva do Batismo do Espírito Santo,tanto no dia de Pentecoste( At 2.4), bem como em Cesaréia (At 10.44-46) e na própria cidade de Éfeso (At 19.2-6) transbordaram em línguas estranhas.Portanto, são sinais indicadores da plenitude do Espírito.Quando estamos orando em línguas sentimos como que um rio de alegria estivesse brotando de nosso ser chegando a transbordar pelos nossos lábios.É algo glorioso. Muitos crentes incendiados por essa alegria espiritual gritam e se expressam de forma bastante contundente. Porém as línguas estranhas têm também suas funções na Bíblia. Além de ser um sinal do batismo, elas têm também a função de ser um canal, um meio pelo qual o cristão pode conversar com o Senhor Jesus em um idioma desconhecido pelo adversário de nossas almas. Mesmo às vezes sendo desconhecidas pelos próprios falantes ( I Co 14.14) e pelos ouvintes(I Co 14.16) é uma fala direta entre o espírito do homem e o Espírito de Deus que em uma comunhão extraordinária permite ao crente essa comunicação. Doutrinando os crentes acerca disto, o apóstolo Paulo, preocupado com certos “excessos” na igreja de Corinto, não limita o falar particular em línguas estranhas (I Cor 14.5), mas quando trata acerca deste dom em relação a igreja do Senhor, revela que este deve está acompanhado de um outro dom que é o de “interpretação” das línguas pelo Espírito.( I Cor 12.30) com o objetivo da congregação conhecer não só o conteúdo da mensagem como também o seu significado ( I Co 14.3,27,28).
Na linguagem da igreja, não ser batizado é ser "cru"?
Jamais! Um dos ladrões que estava na cruz do Calvário, ao lado de Cristo, no momento de sua conversão tanto nos mostrou que não precisa ser batizado com o Espírito Santo para ser salvo como também nos ensinou que podemos ser sinceros cristãos, arrependidos, convertidos e espirituais sem sermos "batizados no Espírito Santo. (Lucas 23:32-43). Vale ressaltar que existem crentes que não são batizados que são mais crentes e espirituais do que muitos que são batizados e não valorizam este presente.
THIAGO GOMES
Repórter/ PORTAL JNE

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