FACULDADE
DE FILOSOFIA E TEOLOGIA DAS
ASSEMBLEIAS DE DEUS EM ALAGOAS
- FAFITEAL -
ASSEMBLEIAS DE DEUS EM ALAGOAS
- FAFITEAL -
FAFITEAL
Protestantismo
e Cultura Brasileira Professor: Pr. Adriano Oliveira
Queridos alunos, como falado em sala de aula, aprendemos
que esta disciplina estuda a penetração do pensamento reformado,
particularmente da sua ética, na formação socio-cultural brasileira. Analisamos
ainda as relações entre a racionalidade protestante e diversos aspectos da
cultura brasileira: a arte, a disciplina no trabalho e na vida, e a visão “mágica”
do mundo. A disciplina é resultante de preleções, palestras e extrações de livros, debates e comentários, bem como
discussões de temas relacionados à problemática desta matéria.o Valendo ressaltar que o conteúdo foi feito a base de transliteração, reprodução e pesquisa. Não sendo de autoria nossa.Porém contendo também nossos comentários quando necessário. Este material não está seguindo as regras gramaticais da ABNT.Mas independentemente, servirá para enriquecimento de nosso aprendizado. Boa leitura.
I -
INTRODUÇÃO
Quando estudamos a temática sobre o Protestantismo e a
cultura brasileira, estamos, na íntegra, abordando toda a problemática
encontrada pelo movimento nas suas diversificadas áreas ideológicas, políticas
e teológicas. Este material servirá de âncora de apontamentos que vão desde a
cultura até demais barreiras, mostrando as principais dificuldades de diálogo e
inserção deste ramo do Cristianismo com a matriz cultural e religiosa do país,
procurando sempre, dentro do possível, abrir caminhos convergentes com
mediações que contemplem o espírito protestante e a cultura brasileira.
Com um “ethos” de comportamento e ideologia importado do norte, o
Protestantismo, presente no país já no século XIX, não soube trabalhar com a
cultura brasileira. A dificuldade se deu
em não coadunar a realidade do país, com suas matrizes culturais e religiosas,
com o Protestantismo de missão.
Infelizmente o Protestantismo trazido por nossos primórdios
em terras brasileira, cresceu com uma mensagem exclusivista e isolacionista, gerando
um completo distanciamento da cultura
brasileira e da religiosidade do povo, onde a conversão significava total
rompimento com o contexto social, cultural e religioso do indivíduo.
A partir da cultura brasileira e suas expressões,
observamos que o Protestantismo no Brasil sofreu muitas dificuldades naquilo
que compreendemos como “integração cultural”, tudo em decorrência de seu “xiismo”.
II – A CULTURA BRASILEIRA
Para entender o Brasil, é preciso olhar para as raízes
que compõem a nossa cultura. Como diz Marilena
Chaui “O Brasil não foi descoberto, foi inventado!”
Ora, bem antes de “brasil” ser Brasil, havia os índios e
sua cultura animista e peculiar por aqui
se formou uma cultura de miscigenação. O país tem na sua configuração as
culturas do índio, do negro e do português, e cada uma, à sua maneira, contribuiu
para o Brasil ser esse “amálgama cultural”. Ignorar essa diversidade, é ignorar o fundamento cultural do país. Dentro
dessa perspectiva, há pensadores abrasileirados ,como Gilberto Freyre, Sérgio
Buarque de Holanda, Roberto Da Matta, Darcy Ribeiro, apenas para citar alguns, que
desenvolveram uma interpretação da cultura brasileira.
Freyre com sua miscigenação benéfica para a nação, fez
uma ponte entre: a Casa Grande (os senhores) e a Senzala (os escravos). Há
ainda DaMatta e sua trilogia da identidade brasileira: parada militar,
procissão e carnaval; e Sérgio Buarque de Holanda e a construção cultural do
Brasil desde a colonização. Esses pensadores traçaram um perfil, uma identidade
para a cultura brasileira.
Em todas as interpretações as figuras do índio, do negro
e do europeu português são marcantes, por isso é preciso olhar a cultura, os
rituais, as danças, os conceitos, os costumes, a comida que esse povo
multifacetado que se tornou Brasil, produziu. Em relação a isso é que o
Protestantismo não soube lidar e se integrar, pelo contrário, quis mudar,
imprimir e não aderir o modo “tupiniquim”
de ser protestante brasileiro.
Protestantismo
no Brasil: Inserção,
características e dificuldades com a cultura brasileira
A presença protestante no Brasil se dá em 1555, com a
expedição francesa de Villegaignon, incentivada pelo próprio Calvino. O
propósito era criar uma colônia calvinista em solo brasileiro, mas o trabalho
não deu resultados positivos por causa do conflito entre Villegaignon e os
pastores. A primeira tentativa de se
fazer presente no país foi suprimida. Segundo Adilson Schultz, quase não houve
protestantes no Brasil por mais de um século, exceto esporádicos negociantes e
aventureiros.
III
– A CHEGADA DO PROTESTANTISMO
A situação mudou a
partir de 1810, com a chegada da Família Real ao Brasil e a consequente ; abertura
dos portos para os ingleses. O tratado assinado pelos dois governos concedia
liberdade religiosa aos britânicos protestantes instalados no Brasil. A chegada
dos protestantes ao Brasil se dá em duas vertentes: 1) o Protestantismo de
imigração, com suas colônias no sul do país; 2) o Protestantismo de missão,
missionários que chegaram ao país com o intuito de evangelizar.
No primeiro há um Protestantismo étnico, sem nenhuma
intenção de integração com a cultura do país, apenas preservar a cultura
herdada dos países de origem. O segundo tipo de Protestantismo se caracterizou
não pela inclusão cultural, mas sim pela rivalidade com o Catolicismo. O
Protestantismo de missão cria a sua identidade a partir do confronto com o
Catolicismo .
É indubitável que o Catolicismo perseguiu a nova religião
no Brasil, proibindo o Protestantismo de fazer seus templos, entre outras
coisas, mas o fato é que a mensagem protestante se deu em cima do Catolicismo. O
Protestantismo viu no Catolicismo o símbolo da idolatria, da superstição, da
ignorância, do atraso, resíduo da Idade Média.Essas características fizeram com
que o Protestantismo repudiasse o Catolicismo, por conta disso ocorreu a
completa ruptura com a cultura brasileira, uma vez que se tem no Catolicismo romano
sua matriz.
IV -
CARACTERÍSTICAS DO PROTESTANTISMO NO BRASIL E SUAS DIFICULDADES COM A CULTURA
BRASILEIRA
O Protestantismo marcou o Brasil com ideais de liberdade,
democracia, modernidade e progresso, por isso contou com a simpatia de grandes
nomes, como Rui Barbosa, dentre outros. Suas principais características são:
a) no campo
político: - sistema republicano de governo, - um Estado laico;
- economia liberal; - filosofia positivista;
- economia liberal; - filosofia positivista;
b) no campo
religioso: - anticlericalismo e anticatolicismo;
c) no campo da educação: - inovação com métodos e ferramentas de ensino.
Vale ressaltar que o Protestantismo de missão chegou ao
Brasil com uma mensagem pronta, não alterou em nada a sua cosmovisão. Suas
principais temáticas abordadas e defendidas eram: a) a suficiência da Bíblia; b)
o arrependimento como imperativo; c) a entrega a Cristo; d) o afastamento do
mundo cheio de pecados; e) o abandono da idolatria e dos santos.
Não podemos deixar de comentar que a visão de mundo
sempre esteve atrelada ao maniqueísmo
(Filosofia dualística que divide o mundo entre bem, ou Deus, e mal, ou o Diabo.
Com a popularização do termo “maniqueísta” passou a ser um adjetivo para toda
doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem e do mal.), onde coloca em
constante dicotomia o mundo e o Reino de Deus, ou a Igreja.
d) No campo da
eclesiologia, a postura foi de não envolvimento com as questões políticas
do país, com um discurso e uma “ teologia de peregrinação” ( A ideia de que se
está no mundo mas não se pertence a ele, portanto não se deve envolver com
coisas desta terra.). Na realidade o que se era defendido era em essência uma
clara ideia de que para os nossos primórdios, a cultura não comportava nada de
divino.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE ATRAPALHARAM O
PROTESTANTISMO NO BRASIL
As principais características que impediram o
Protestantismo de acentuar de forma significativa a sua presença no Brasil
foram: 1. O anticatolicismo:
formou-se uma identidade em cima do Catolicismo, tratado como retrógado e
antiquado para o atual momento histórico do país. 2. As
dificuldades culturais: Imbuídos da concepção de paraíso na terra, tão
difundida nos Estados Unidos, os missionários não souberam trabalhar com a
cultura local, pelo contrário, repudiaram-na como se fosse totalmente avessa ao
Cristianismo. Ensinaram que era preciso fazer uma completa ruptura com o meio
em que se vivia, adotando o jeito estadunidense de ser.
e) No campo de suas
bases, o Protestantismo foi construído em cima: a) da negação da sexualidade, b) da atuação
política, c) da participação artística,d) do incentivo ao lazer, e) da vida em
sociedade.
f) No campo da
Teologia, tivemos a questão do fundamentalismo e da Concepção escatológica “Pré - Milenista”
f.1 –
Fundamentalismo - Na área teológica, o fundamentalismo também
contribuiu,e muito, para o confronto com a cultura brasileira. Os fundamentalistas surgem como apologistas da
verdadeira fé em contraste com a teologia liberal europeia. ( Não entrando em
detalhes históricos quanto ao surgimento do termo, ligado aos presbiterianos e
sua assembleia,que definiu os cinco fundamentos da fé, ou aos professores de
Princeton e sua pureza doutrinária,ou ao batista Curtis Lee Laws e o periódico
batista que vinculava o fundamentalismo da Convenção Batista do Sul) os fundamentalistas preconizam a inerrância
da Bíblia e têm uma postura hermenêutico-literalista do texto. Diante disso,
Antonio Gouvêa Mendonça irá dizer que o Protestantismo tem uma vocação para o
fundamentalismo, (pois este impede o diálogo quando se coloca como dono da
verdade e possuidor de algo exclusivo.)
A Principal marca do Fundamentalismo, segundo Mendonça, é
a busca da convicção. Ele quer
certezas, daí seu dogmatismo; ele se esforça por se auto-identificar, daí sua
ética isolacionista. (até certo ponto a mentalidade é isolacionista e anti cultural,
daí sua ausência na cultura.)
f.2 - Concepção
escatológica “ Pré- Milenista”
Outro ponto teológico de destaque no Protestantismo que
impediu um diálogo com a cultura foi a concepção pré-milenista. A palavra
‘milênio’ significa “mil anos” (do lat. Millennium, “mil anos”). O termo vem de
Apocalipse 20.4-5, onde se diz que “viveram
e reinaram com Cristo durante mil anos”. Os restantes dos mortos não reviveram
até que se completassem os mil anos.
FIQUE POR DENTRO:
Vamos dar uma volta nas três famosas escolas
escatológicas para você entender o ponto focal da contra argumentação. Bem, ao
longo da história da igreja tem havido três visões principais sobre a época e a
natureza desse “milênio”:
a) AMILENISMO:
A primeira posição aqui explicada, o amilenismo, é realmente a mais simples. Segundo
essa posição, a passagem de Apocalipse 20.1-10 descreve a presente era da
igreja. Trata-se de uma era em que a influência de Satanás sobre as nações
sofre grande redução de modo que o evangelho pode ser pregado por todo o mundo.
Aqueles que reinam com Cristo por mil anos são os cristãos que morreram e já
estão reinando com Cristo no céu. O reino de Cristo no milênio, segundo esse
ponto de vista, não é um reino físico aqui na terra, mas sim o reino celestial
sobre o qual ele falou ao declarar: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra” (Mt 28.18).Esse ponto de vista é chamado “amilenista” por sustentar que
não existe nenhum milênio que ainda esteja por vir. Como os amilenistas crêem
que Apocalipse 20 está-se cumprindo agora na era da igreja, sustentam que o
“milênio” aqui descrito já está em curso no presente. A duração exata da era da
igreja não pode ser conhecida, e a expressão “mil anos” é simplesmente uma
figura de linguagem par um longo período em que os propósitos perfeitos de Deus
vão se realizar. De acordo com essa posição, a presente era da igreja
continuará até o tempo da volta de Cristo (veja figura 55.1). Quando Cristo
voltar, haverá ressurreição tanto de crentes como de incrédulos. Os crentes
terão o corpo ressuscitado e unido novamente com o espírito e entrarão no pleno
gozo do céu para sempre.
Os incrédulos serão ressuscitados para enfrentar o
julgamento final e a condenação eterna. Os crentes também comparecerão diante
do tribunal de Cristo (2 Co 5.10), mas esse julgamento irá apenas determinar os
graus de recompensa no céu, pois só os incrédulos serão condenados eternamente.
Por esse tempo também começarão o novo céu e a nova terra. Imediatamente após o
juízo final, o estado eterno terá início e permanecerá para sempre.Esse esquema
é bem simples porque nele todos os eventos dos tempos do fim ocorrem de uma só
vez, imediatamente após a volta de Cristo. Alguns amilenistas dizem que Cristo
pode voltar a qualquer momento, enquanto outros (como Berkhof) alegam que
alguns sinais ainda não se cumpriram.
B - PÓS-MILENISMO:
O prefixo pós significa “depois”. Segundo esse ponto de vista, Cristo voltará
após o milênio.Segundo esse ponto de vista, o avanço do evangelho e o
crescimento da igreja se acentuarão de forma gradativa, de tal modo que uma
proporção cada vez maior da população mundial se tornará cristã. Como
conseqüência, haverá influências cristãs significativas na sociedade, esta funcionará
mais e mais de acordo com os padrões de Deus e gradualmente virá uma “era
milenar” de paz e justiça sobre a terra. Esse “milênio” durará um longo período
(não necessariamente de mil anos literais) e, por fim, ao final desse período,
Cristo voltará à terra, crentes e incrédulos será ressuscitados, ocorrerá o
juízo final e haverá um novo céu e uma nova terra. Entraremos então no estado
eterno. A característica principal do pós-milenismo é ser muito otimista acerca
do poder do evangelho par mudar vidas e estabelecer o bem no mundo. A crença no
pós-milenismo tende a aumentar em época em que a igreja experimenta grande
avivamento, há ausência de guerras e conflitos internacionais e aparentemente
se obtêm grandes avanços na vitória sobre o mal e sobre o sofrimento no mundo. Mas
o pós-milenismo em sua forma mais responsável não se baseia simplesmente na
observação dos eventos do mundo em nossa volta, mas em argumentos extraídos de
várias passagens da Escrituras.
Finalmente, a Concepção escatológica “ Pré- Milenista”
Este ponto teológico de destaque no Protestantismo que
impediu um diálogo com a cultura foi justamente essa concepção pré-milenista.
(Lembrando que acaracterística
comum de todo o ensino pré-milenista é a alegação de que o retorno de Cristo no
final dos tempos terá lugar antes do período conhecido como milênio.)
Esta visão chamada de pré- milenista, está Sub - dividida
por sua vez entre duas partes:
-
Pré-milenismo clássico ou histórico;
-
Pré-milenismo pré-tribulacionista
a.1 Pré-milenismo
clássico ou histórico: O prefixo
“pré” significa “antes” e a posição pré-milenista diz que Cristo irá voltar
antes do milênio. Esse ponto de vista é defendido desde os primeiros séculos do
cristianismo. Segundo esse ponto de vista, a presente era da igreja continuará
até que, com a proximidade do fim, venha sobre a terra um período de grande
tribulação e sofrimento. Depois desse período de tribulação no final da era da
igreja, Cristo voltará à terra estabelecer um reino milenar. Quando ele voltar,
os crentes que tiverem morrido serão ressuscitados, terão o corpo reunido ao
espírito, e esses crentes reinarão com Cristo sobre a terra por mil anos. (Alguns
pré-milenistas o consideram mil anos literais, enquanto outros o entendem como
expressão simbólica para um período longo.) Durante esse tempo, Cristo estará
fisicamente presente sobre a terra em seu corpo ressurreto e dominará como Rei
sobre toda a terra. Os crentes ressuscitados e os que estiverem sobre a terra
quando Cristo voltar receberão o corpo glorificado da ressurreição, que nunca
morrerá, e nesse corpo da ressurreição viverão sobre a terra e reinarão com
Cristo. Quanto aos incrédulos que restarem sobre a terra, muitos (mas não
todos) se converterão a Cristo e serão salvos. Jesus reinará em perfeita
justiça e haverá paz por toda a terra. Muitos pré-milenistas sustentam que a
terra será renovada e veremos de fato o
novo céu e a nova terra durante esse período (mas a fidelidade a esse
ponto não é essencial ao pré-milenismo,pois é possível ser pré-milenista e
sustentar que o novo céu e a nova terra virão só depois do juízo final). No
início desse tempo, Satanás será preso e lançado no abismo, de modo que não
terá influência sobre a terra durante o milênio no abismo, de modo que não terá
influência sobre a terra durante o milênio (Ap 20.1-3). De acordo com o ponto
de vista pré-milenista, no final dos mil anos Satanás será solto do abismo e
unirá as forças com muitos incrédulos que se submeteram externamente ao reinado
de Cristo, mas por dentro revolvem-se em revolta contra ele. Satanás reunirá
esse povo rebelde para batalhar contra Cristo, mas serão derrotados
definitivamente. Cristo então ressuscitará todos os incrédulos que tiverem
morrido ao longo da história, e esses comparecerão diante dele para o
julgamento final. Uma vez realizado o juízo final, os crentes entrarão no
estrado eterno. Parece que o pré-milenismo tende a crescer em popularidade à
medida que a igreja experimenta perseguição e o sofrimento e o mal aumentam
sobre a terra. Mas, assim como no caso do pós-milenismo, os argumentos a favor
do pré-milenismo não se baseiam em observação de eventos correntes, mas em
passagens específicas das Escrituras, especialmente (mas não exclusivamente)
Apocalipse 20.1-10.
a.2
Pré-milenismo pré-tribulacionista (ou pré-milenismo dispensacionalista):
Outra variedade de pré-milenismo conquistou ampla
popularidade nos séculos XIX e XX, em especial no Reino Unido e nos Estado
Unidos. Segundo essa posição, Cristo voltará não só antes do milênio (a volta
de Cristo é pré-milenar), mas também ocorrerá antes da grande tribulação (a
volta de Cristo é pré-tribulacional). Esse ponto de visa é semelhante à posição
pré-milenista clássica mencionada acima, mas com uma importante diferença: acrescenta
outra volta de Cristo antes de sua vinda para reinar sobre a terra no milênio. Essa
volta é vista como um retorno secreto de Cristo para tirar os crentes do mundo.
Segundo esse ponto de vista, a era da igreja continuará até que, de repente, de
maneira inesperada e secreta, Cristo chegará a meio caminho da terra e chamará
para si os crentes: (1Ts 4.16-17). “...os
mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que
ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares” . Cristo então retornará ao céu com os crentes
arrebatados da terra. Quando isso acontecer, haverá uma grande tribulação sobre
a terra por um período de sete anos.Durante esse período de sete anos de
tribulação, cumprir-se-ão muitos dos sinais que, segundo predições, precederiam
a volta de Cristo. O grande ajuntamento da plenitude dos judeus ocorrerá à
medida que eles aceitarem Cristo como o Messias. Em meio ao grande sofrimento
haverá também muita evangelização eficaz, realizada em especial pelos novos
cristãos judeus. Ao final da tribulação,
Cristo voltará com os seus santos para reinar sobre a terra por mil anos. Depois
desse período milenar haverá uma rebelião que resultará na derrota final de
Satanás e suas forças, e então virá a ressurreição dos incrédulos, o último
julgamento e o começo do estado eterno. Deve-se mencionar outra característica
do pré-milenismo pré-tribulacionista: essa postura se encontra quase
exclusivamente entre os dispensacionalistas que desejam fazer distinção clara
entre a igreja a Israel. Essa posição pré-tribulacionista permite que a
distinção seja mantida, uma vez que a igreja é retirada do mundo antes da
conversão geral do povo judeu. Esse povo judeu, portanto, permanecerá um grupo
distinto da igreja. Outra característica do pré-milenismo pré-tribulacionista é
sua insistência em interpretar as profecias bíblicas “literalmente sempre que
possível”. Isso se aplica em especial a profecias do Antigo testamento acerca
de Israel. Os que defendem essa posição argumentam que essas profecias da
futura bênção de Deus a Israel ainda irão se cumprir entre o próprio povo
judeu; elas não devem ser “espiritualizadas”, tentando-se ver o seu cumprimento
na igreja.
Por fim, uma característica atraente do “pré milenismo pré tribulacionista” é que
ele permite às pessoas insistir em dizer que a volta de Cristo pode ocorrer “a
qualquer momento” e, por essa razão, fazem justiça ao significado pleno das
passagens que nos incentivam a estarmos prontos para a volta de Cristo, ao
mesmo tempo que ainda admite um cumprimento bem literal dos sinais que precedem
a sua volta, pois diz que lês se darão durante a tribulação.
V -
A DISPUTA ENTRE O “PRÉ” E “PÓS”
Bem, voltanto ao fio da miada, a disputa entre
pré-milenismo e pós-milenismo começou na realidade nos EUA por volta do século
XIX. O pós-milenismo tinha como pano de fundo o mito do progresso social, em
que entendia que havia a possibilidade de uma vida de perfeita santidade, o que
significava uma melhoria progressiva e constante da sociedade através dos indivíduos
aperfeiçoados. Esse progresso, portanto, viria pela ação normal da Igreja, que
prepararia a segunda vinda de Cristo. O grande pregador do pós-milenismo foi
Jonathan Edwards,no século XVIII,que, assim, incentivou as campanhas
missionárias nos EUA e em outros países. Na concepção do pós-milenismo, o Reino
de Deus, já a caminho, devia ser compartilhado com outros povos. Já o
pré-milenismo é totalmente diferente, pois entende que o Ser humano é incapaz
de se aperfeiçoar . Assim, o Milênio (Reino de Deus) só seria possível com a
volta de Cristo para implantá-lo. Essa concepção ganhou força a partir da
década de 1870. O resultado foi o progressivo distanciamento entre a Igreja e o
mundo, incompatibilizando-a com projetos de melhoria social. A Igreja, voltada
para si mesma, concentrou-se na evangelização e nas missões estrangeiras. O pré-milenismo chocou-se de frente com o
Evangelho Social, assim como contra qualquer forma de compromisso com mudanças
estruturais da sociedade. Tal concepção afastou ainda mais a Igreja da cultura
brasileira, produzindo verdadeiros guetos nas Igrejas, povo separado de tudo e
de todos. O pós-milenismo foi inteiramente superado no Brasil pelo
pré-milenismo. A rejeição da cultura brasileira não se deu apenas por razões
teológicas e ideológicas, mas, baseado em alguns pensadores, também ser deu por
razões raciais.
Segundo analisa Alencar: “ o samba, originalmente, era música do morro, de negro e pobre, e foi
rejeitada pelas Igrejas protestantes, muito mais por racismo que por razões
teológicas. Isso suprimiu uma cultura
e colocou em seu lugar outra. Cantam- se hinos de autores estrangeiros; leem-se
livros de teólogos estrangeiros; produz-se teologia estrangeira; publicam-se
mais livros de estrangeiros que de brasileiros; reproduz-se uma liturgia
estrangeira em detrimento da brasileira. A integração, a inculturação não cabe
no Protestantismo, que não soube lidar, desde os primórdios, com a cultura
heterogênea brasileira.”
Mediações
entre o Protestantismo e a cultura brasileira
Cultura brasileira é esse jeito todo nosso de ser.
Conforme Marilena Chaui, o Brasil é um povo novo formado pela mistura de três
raças valorosas: os corajosos índios, os estoicos negros e os bravos e
sentimentais lusitanos. Dessa mistura surgiu a nossa culinária, o samba, a
alegria, o espírito guerreiro, a forma de ver a vida com destreza e divertimento.
Contrariando isso, o Protestantismo não assimilou a cultura brasileira,
demonizando-a e repudiando as festas, o lazer. Apenas para uma breve
comparação: enquanto o Protestantismo faz uma ruptura com a cultura, o
neopentecostalismo faz uma assimilação, incorporando a música, as crendices do
povo, lidando com o imaginário religioso brasileiro.
Protestantismo
e brasilidade
“É
possível que, no futuro, esquecidos os preconceitos históricos e cessada a propaganda
ideológica fundamentalista, surja neste campo religioso uma prática religiosa
popular comum, enraizada na tradição cristã e estruturada na cultura
brasileira.”
O Protestantismo tem condições de dialogar com a cultura
brasileira com os seus princípios, que nortearam a sua história. Princípios que
foram sendo solapados pelo fundamentalismo e pelo pré-milenismo. A Reforma
Protestante tem como principal elemento o discurso da liberdade; a não
conformação com mediações entre Deus e o ser humano, a não ser ele mesmo;
consciências livres.
Segundo Rubem Alves, há quatro pilares na Reforma
Protestante: 1) liberdade: o início, o motor da reforma; 2) graça: salvação é
um problema de Deus, não nosso, ocupemo-nos com a terra; 3) fé: salvos pela
confiança em Deus, não por condicionamento humano; 4) teimosia profética: a denúncia é a tarefa
protestante. Esses quatro elementos formam o ser protestante. É com eles que o diálogo,
a integração e a convergência com a cultura deveriam ser tratadas. Uma vez
descontaminado das declarações doutrinárias, dos dogmas, dos preconceitos, o
Protestantismo conta com um princípio que, segundo Paul Tillich, ultrapassa a
confessionalidade: “[...] o que torna o
protestantismo protestante é o fato de ele poder transcender o próprio caráter
religioso e confessional e a
impossibilidade de se identificar completamente com qualquer de suas formas
históricas particulares”.
A partir desse espírito protestante, é possível construir
caminhos que levem em consideração a multiculturalidade, levem em consideração
as raízes do povo, aquilo que o compõe.
Pinheiro entende que, para o Protestantismo, é possível
contribuir com um relacionamento pessoal com a brasilidade, já que um
Protestantismo sem raízes contradiz a universalidade do Cristianismo. É
imprescindível o diálogo, pois somente por meio dele será possível um Protestantismo
inserido no multiculturalismo brasileiro.
VI -
MEDIAÇÕES PARA O PROTESTANTISMO SE INTEGRAR NA CULTURA BRASILEIRA
Segundo muitos doutrinadores, há pelo menos três
mediações possíveis para o Protestantismo se integrar na cultura brasileira: 1)
Inculturação: o puritanismo dando
lugar ao brasileirismo. A inculturação é a realização da fé e da experiência
cristã numa cultura que se expresse com elementos culturais próprios. Portanto,
a transposição de elementos de uma cultura para outra não é possível.
Trabalha-se com os ideais, as formas, os costumes, o modo de vida do povo, agregando,
assim, o Evangelho. 2) Ecumenismo: é um tema indispensável para
a teologia e a religião. Par esses doutrinadores não é mais possível um
exclusivismo religioso. E, segundo eles, é necessária uma abertura para o outro
entendendo a sua cosmovisão e maneira de ler o Sagrado. 3) Sincretismo: Para eles, o sincretismo tem as suas debilidades,
mas no geral sincretismo envolve a capacidade universalista do Cristianismo de
falar todas as línguas, de encarnar-se nas culturas humanas.
Considerações
finais
O Protestantismo é um movimento que ficou à margem da
cultura e dos grandes temas do país. No princípio, contribuiu com uma educação
inovadora e influenciou, juntamente com a maçonaria, a construção do Brasil
republicano. Além disso, o Protestantismo se fechou para o país em questões
religiosas e culturais. Estruturado no modo de vida estadunidense de ser, o
Protestantismo brasileiro ficou refém de liturgia, teologia e eclesiologia
importadas. Aquelas denominações que ousaram ultrapassar esta linha foram
marginalizadas. Duas coisas contribuíram para esse apartheid protestante, o
fundamentalismo, juntamente com um exclusivismo, e o pré-milenismo, que colocou
tudo na conta do céu. É claro que os argumentos de integração, diálogo e convergência
com a cultura brasileira vão na contramão de muitos conceitos e ideias
vinculados durante anos no imaginário protestante brasileiro. Sugerir mediações
– como inculturação, ecumenismo e sincretismo – como forma de aproximação
contraria e muito diversos preceitos doutrinários. Mas é possível reavaliar com
cuidado.
Para este humilde pensador que vos ensina, as três opções
dadas são ferrenhas e atingem diretamente os princípios bíblicos da Palavra de
Deus. Acreditamos que deve-se “moldar e adaptar” a realidade brasileira sem
perdermos nossas essências uma vez que a Palavra de Deus se adequa a qualquer
realidade e o que se entende por pecado aqui é compreendido como pecado em
qualquer lugar. O que deve-se ser levado em conta é a metodologia de como
iremos proceder para apresentar um cristianismo puro, cristocêntrico e real,
sem chegar a ferir a cultura brasileira mas também sem permitir “misturas”.
Bibliografia
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- SOARES, Afonso
Maria Ligorio. Sincretismo e teologia interconfessional.Disponível em:
<http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-content/uploads/2009/12/02
-Sincretismo-e-teologia.pdf>.
Acesso em: 04 ago. 2010
- SODRÉ, Nelson
Werneck. Síntese de história da cultura brasileira.20.ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2003.
- VIEIRA, David
Gueiros. O protestantismo, a maçonaria e a questão religiosa no
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- Wilkpédia;
- Teologia
Sistemática, pg. 946-951, Editora Vida Nova. Compre este livro em
http://www.vidanova.com.br .
- ALBINO, M. Ide por todo Mundo ? A
província de São Paulo como Campo de Missão Presbiteriana: 1869-1892. Campinas: CMU/UNICAMP, 1996. 144p. (Coleção Campiniana,
3).
• ALLEN, Roland. The Ministry of the Spirit: Selected Writings. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing
Company, 1965. 208p.
• BASTIDE, Roger. Elementos de Sociologia
Religiosas. Tradução Prócoro Velasques
Filho. São Bernardo do Campo: Instituto
Ecumênico de Pós-Graduação em Ciências da Religião-Núcleo de São Bernardo do
Campo, 1990. 143p. (cadernos de
Pós-Graduação, Ciências da Religião, 6).
• Babel.
Tradução de Waldir Carvalho Luz. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990.
•
Ciberteologia
•
Protestantismo e cultura: inserção, dificuldades e propostas Alonso
Gonçalves
Meu jovem, meu jovem !
ResponderExcluirTudo bem !!!!!
prazer falar consigo.
Parabéns pelo seu trabalho!
Sempre acreditei num futuro e brilhante ministério para você.
Deus te abençoe, companheiro!
isaias Freitas
Este e o meu # de celular para estes dois dias... 11-9626-23427( Isaias Freitas). Me de o prazer de ouvi-lo !
ResponderExcluirObrigado.
isaias Freitas