sexta-feira, 8 de março de 2013

HISTÓRIA DA CULTURA JUDAICA


FACULDADE DE FILOSOFIA E TEOLOGIA DE ALAGOAS
                CEC – Comissão de Educação  e Cultura   
Compromisso Com a Educação Cristã

Disciplina: História da Cultura Judaica
Prof.: Pr. Adriano Oliveira



Introdução

Quando falamos de cultura precisamos levar em conta alguns conceitos indispensáveis para podermos formular o seu conceito.

Todos nós somos cientes que para as ciências sociais, somos “animais culturais”, como assim?

 Bem, para os amantes da Sociologia, todos nós somos capazes de produzir conhecimento, mas dependentes do aprendizado social que é a socialização.

Desde o surgimento de nossa espécie no planeta, temos observado que o ser humano surpreende por suas capacidades  de inteligência, de organização social e de adaptação em diferentes ambientes naturais.

Essa diferença em relação às outras espécies foi garantida pelo desenvolvimento das  “armas sociais” que nos fizeram imbatíveis diante de todos os animais do ecossistema.
Algumas dessas armas são:
a)    a comunicação;
b)     a cooperação,
c)    a capacidade de estabelecer regras de convívio coletivo etc.

De acordo coma professora e Socióloga Renata Thomé,  Tudo isso só foi possível pelo simples fato de termos nossos comportamentos  orientados pela cultura. 

Diferentemente dos animais irracionais que pertencem a outras espécies que vivem coletivamente agindo apenas por instinto.

Pois é exatamente isso que acontece com o conjunto de nossa espécie.    Ora, se o ser humano não tivesse desenvolvido a vida em sociedade baseada em uma cultura,  provavelmente nossas capacidades de inteligência sequer seriam exploradas.

É importante perceber que é comum o pensamento que existem pessoas ou sociedades “naturalmente” mais dotadas de pessoas inteligentes. (Esse é o chamado pensamento do senso comum.)

Pois bem, isso é parte de um preconceito infundado, que pela antropologia é denominado pelo conceito  de etno - centrismo ( tendência que o indivíduo tem de menosprezar a cultura alheia, caracterizando-a como inferior a sua. )

Aí é que está a beleza da cultura de um povo, ela nos leva a refletir a sua importância em organizar os grupos humanos.

Sabemos que todas as capacidades que decorrem da inteligência dependem:

a)  de nosso convívio coletivo e 

b) das necessidades ou exigências impostas por esse modelo de vida ( que chamamos CULTURA).

I – Mas, finalmente, O QUE É CULTURA?

Segundo a renomada socióloga Renata Thomé, o comportamento de um povo sempre foi baseado na troca de conhecimento(aprendizagem) e na sua cultura.

É justamente esses fatores que nos distingue das demais espécies. Quero dizer com isso que nós não dependemos  apenas:

a)  da herança biológica e 

b) do comportamento também herdado geneticamente para evoluir.

Queridos, todos os povos Precisam de história, das experiências, das gerações passadas, da capacidade de se educar mutuamente.

Portanto, um povo pra existir dependemos exclusivamente da cultura.

CONCEITO DE CULTURA

Antropologicamente, a cultura foi definida pela primeira vez no século XIX , EM 1871, por Edward Tylor, como “um conjunto complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a lei, a moral, os costumes
e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo  homem enquanto membro de uma sociedade”

Queridos, tudo em nossa vida coletiva, desde a língua com a qual nos comunicamos,
 os hábitos rotineiros de alimentação e vestuário, nossa noção de moral, enfim, tudo o que compartilhamos ao viver em sociedade e que podemos observar que se repete na maioria dos indivíduos de nosso grupo, é resultado de um processo de aprendizagem,é isso que chamamos de  “socialização”. Agora, a essa aprendizagem damos o nome de CULTURA.

II – O QUE É A CULTURA JUDAICA?



Cultura judaica é o nome dado ao conjunto de tradições passadas de geração à geração pelo Judaísmo oriundas dos tratos religiosos, do local em que a comunidade judaica foi radicada e da era em que a comunidade judaica viveu.



O judaísmo, conforme já estudamos, é uma das três principais religiões abraâmicas, definida como a "religião, filosofia e modo de vida" do povo judeu.



Se originou da Bíblia Hebraica (também conhecida como Tanakh) e explorado em textos posteriores, como o Talmud, é considerado pelos judeus religiosos como a expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus com os Filhos de Israel.



VAMOS ENTÃO CONHECER UM POUCO DESTE UNIVERSO CHAMADO “CULTURA JUDAICA”:

III – CULTURA JUDAICA:

1- RITUAIS
Os cultos judaicos são realizados num templo chamado de sinagoga e são comandados por um sacerdote conhecido por rabino.  O símbolo sagrado do judaísmo é o memorá, candelabro com sete braços.



a) CIRCUNCISÃO ( GN 17:10) 

Entre os rituais, podemos citar a circuncisão dos meninos ( aos 8 dias de  vida ).
 Os homens judeus usam a kippa, pequena touca, que representa o respeito a Deus no momento das orações.



  Nas sinagogas, existe uma arca, que representa a ligação entre Deus e o Povo Judeu. Nesta arca são guardados os pergaminhos sagrados da Torá.

Circuncisão, conhecida também como exérese do prepúcio, peritomia ou postectomia é uma operação cirúrgica que consiste na remoção do prepúcio (prega cutânea que recobre a glande do órgão genital masculino).

Essa remoção é praticada há mais de 5 mil anos. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% dos homens no mundo são circuncidados
(algo em torno de 665 milhões de homens), a maioria por motivos religiosos, uma vez que 68% deles são muçulmanos.

b) BAR MITZVAH ( “B'NAI MITZVÁ”)

o B'nai Mitzvah representa a iniciação na vida adulta para os meninos judeus.
B'nai Mitzvá (filhos do mandamento) é o nome dado à cerimônia que insere o jovem judeu como um membro maduro na comunidade judaica.



Quando um judeu atinge a sua maturidade (aos 12 anos de idade, mais um dia para as meninas;  e aos 13 anos e um dia para os rapazes), passa a se tornar responsável pelos seus atos, de acordo com a lei judaica.

Nessa altura, diz-se que o menino passa a ser Bar Mitzvá ( בר מצוה , "filho do mandamento");  e a menina passa a ser Bat Mitzvá (בת מצוה, "filha do mandamento").

Ao completar 13 anos, o jovem judeu é chamado pela primeira vez para a leitura da Torah (conhecido como Pentateuco pelos cristãos). 

Ao ser chamado pela primeira vez, o jovem pode, a partir daí, integrar o miniam
 (quórum mínimo de 10 homens adultos para realização de certas cerimônias judaicas).

Antes desta idade, são os pais os responsáveis pelos atos dos filhos. Depois desta idade,
 os rapazes e moças podem finalmente participar em todas as áreas da vida da comunidade e assumir a sua responsabilidade na lei ritual judaica, tradição e ética.

O Bar Mitzváh não é só uma comemoração comum de aniversario, mas normalmente o menino,  passa por uma cerimônia de "mazal-tov" que seria como um "boa sorte" ou "parabéns"(dependendo da situação), normalmente o Mazan-tov é feito com o(a) menino(a) sobre uma cadeira e ele(a) é levantado várias vezes, e assim fazem com toda a família do Barmitzvano.

Segundo a Bíblia Sagrada, Jesus Cristo, aos 12 anos de idade, foi levado ao templo (Lucas, capitulo 2, versiculos 41 e 42) pela primeira vez conforme a tradição mandava.

A ocasião mais importante na vida de um judeu chega quando ele atinge a idade para entrar na aliança com Deus e no compromisso de manter , estudar e praticar todos os mandamentos da Torá, aos treze anos de idade.


2 – COMIDA:

CASHER

Casher significa apto ou apropriado (lembrando que o  alimento inapropriado é chamado de treifá). 

Dentro do judaísmo há diversos preceitos baseados : 

- na Torá ( Lei de Moisés- Pentateuco) e 

- na Halachá (transliterada também como Halaca, Halacha, ou Halakha) é o nome do conjunto de leis da religião judaica, 

incluindo os 613 mandamentos que constam na Torá e os posteriores mandamentos rabínicos e talmúdicos relacionados aos costumes e tradições, servindo como guia do modo de viver judaico.)

 Esses preceitos baseados na Torá e na Halachá estabelecem as regras para que um alimento possa ser considerado casher ( APTO) e servir para consumo.

Todos nóps estudantes da Bíblia e operantes da Teologia sabemos que a alimentação dos judeus era baseada em couves, vinhos, especiarias, molhos, cerveja e muito importante, o pão. 

Vestiam-se a rigor para a hora das refeições e comiam com rapidez. Os judeus não comem carne de porco, cavalo, camelo, coelho, caranguejo, lagosta e camarão. 

Na verdade, à exceção de peixes com escamas, nenhum fruto do mar é  permitido. 

Há também a proibição de misturar leite e carne. Devendo haver um espaço de seis horas entre os alimentos de uma origem.


3 – LINGUAS JUDAICAS



Línguas judaicas são um conjunto de idiomas falados através da história pelo povo judeu,
 geralmente tendo como base a língua da região onde estavam radicados ou de onde receberam influência. 

As Línguas Judaicas são O Hebraico, O Aramaico, O Dzhidi, O Iídiche e o Judeu-árabe.

Vamos analisar cada uma delas.

O Hebraico -  é Usado como Língua Liturgica nos Cultos judaicos e na Leitura da Torá, 

O Aramaico - é Usado como Língua Talmudica (visto que o Talmud foi escrito Originalmente em Aramaico.)

O judeu-árabe -  é uma forma de hebraico escrito em alfabeto árabe e foi a língua usada para escrever a maioria dos Tratados de Maimônides ("Moisés, filho de Maimon", foi um filósofo, religioso, codificador rabínico e médico).

As Outras línguas, como Iidiche ou Dzhid, são usadas em comunidades distintas pelo Mundo.

4 – FESTAS JUDAICAS



FESTAS E FESTIVAIS DE ISRAEL

Deus desejava que seu povo tivesse dias especiais em que o trabalho seria interrompido e o tempo gasto em se lembrar Dele. Então, deu-lhes feriados especiais.

Na Bíblia, esses feriados são mencionados como "festas" ou "festivais". Isto não significava necessariamente que havia uma quantidade de comida ou que tinham uma grande festa, embora alguns desses feriados os incluíssem.

Quase sempre o feriado tinha a função de ser uma lembrança especial do que Deus tinha feito para ajudar Israel no passado.

AS FESTAS E SUAS FUNÇÕES

Com exceção de celebrações particulares, tais como casamentos ou nascimentos, toda a nação de Israel participava das festas ou festivais.
Frequentemente a festa comemorava um evento particular ou celebrava um importante ideal da nação.

As pessoas conversavam sobre Deus e sobre o que Ele esperava de Seu povo e também aproveitavam aquela oportunidade para contar aos seus filhos o que Deus havia feito.

 As pessoas não tinham livros que pudessem ler, então as crianças ouviam estórias para aprender de Deus.

Os feriados davam às pessoas a oportunidade de contar as grandes estórias da fidelidade de Deus por elas. As celebrações de Israel constantemente faziam-nas relembrar de seu relacionamento com Deus.

As festas do antigo Israel eram celebrações alegres. Usualmente suas festas comemoravam tempos específicos quando Deus os alcançou poderosamente para intervir por seu povo ou tempos em que cuidou deles durante grande dificuldade e perigo.

Cada vez que a nação inteira celebrava junto dessa forma, eles se uniam espiritualmente e isto era uma grande fonte de força para a nação.

OS FESTIVAIS NO VELHO TESTAMENTO

FESTIVAIS HABITUAIS

Os israelitas tinham uma série de celebrações - o que pode parecer surpreendente quando se pensa quão duro o povo tinha que trabalhar para sobreviver.

No entanto talvez essas celebrações fossem uma bem-vinda parada nesse trabalho.

Um casamento era uma das ocasiões mais óbvias para celebrar. 

Frequentemente uma cidade inteira era convidada (Gênesis 29:22). Algumas festas de casamento duravam uma semana (Juízes 14:17).

O aniversário de uma pessoa era outra ocasião para celebração, frequentemente muito festiva, mais ainda se uma pessoa da realeza estivesse envolvida (Gênesis 40:20).

Outras celebrações mencionadas na Bíblia incluem:

a) Festas para os servos quando o rei assim o desejava (I Reis 3:15), um enorme festival quando Salomão dedicou o templo (I Reis 8:65),

b) festas feitas por reis e rainhas para marcar certas ocasiões ou para mostrar benevolência aos outros (Ester 1:3; 2:18; 5:4, 14; 7:2,7; Daniel 5:1). Mesmo a tosquia da primeira ovelha era motivo para festa (Deuteronômio 18:4).

FESTIVAIS CELEBRADOS ANTES DO EXíLIO

Deus deu esses festivais a Israel e ordenou que fossem celebrados (Levítico 23:1-2). Eles se concentravam na pessoa de Deus.

Tinham o propósito de lembrar o povo do que Deus fizera por eles no passado e a ajudá-los a saber que bênçãos contínuas e proteção de Deus dependiam de sua obediência à vontade Dele.

SÁBADO

Primeira na lista de celebrações encontradas em Levítico 23:1 é a ordem para que o povo observasse o Sábado.

É o sétimo dia no qual Deus descansou do seu trabalho de criação (Gênesis 2:3).

Entre os Dez Mandamentos de Moisés, o quarto é lembrar do Sábado "para o santificar" (Êxodo 20:8-11).

Isso significava que o povo não devia trabalhar naquele dia. Lembrava-lhes que Deus descansou da criação (31:17) e que livrou seu povo da escravidão no Egito (Deuteronômio 5:12-15).

As datas das festas religiosas dos judeus são móveis, pois seguem um calendário lunisolar. As principais são as seguintes:



Purim - os judeus comemoram a salvação de um massacre planejado por Hamã.

Páscoa ( Pessach ) - comemora-se a libertação da escravidão do povo judeu no Egito, em 1300 a.C.



Shavuót - celebra a revelação da Torá ao povo de Israel, por volta de 1300 a.C.

Rosh Hashaná - é comemorado o  Ano-Novo judaico.

Yom Kipur - considerado o dia do perdão. Os judeus fazem jejum por 25 horas seguidas para purificar o espírito.

Sucót -  refere-se a peregrinação de 40 anos pelo deserto, após a libertação do cativeiro do Egito.

Chanucá - comemora-se o fim do domínio assírio e a restauração do tempo de Jerusalém.

Simchat Torá - celebra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés.


Bibliografia:

Bíblia Pentecostal, CPAD
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Wilkipédia;
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Lesser, Jeffrey. Brasil e a questão judaica - Imigração, diplomacia e preconceito. Imago, 1995.


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